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domingo, 15 de setembro de 2013

Estômago - o filme

(Imagem: Divulgação)

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ESTÔMAGO é a história da ascensão e queda de Raimundo Nonato, um cozinheiro com dotes muito especiais. Trata de dois temas universais: a comida e o poder. Mais especificamente, a comida como meio de adquirir poder. E pode ser definido como “uma fábula nada infantil sobre poder, sexo e culinária”.

Em sua estréia mundial no Festival do Rio 2007, ESTÔMAGO consagrou-se como grande vencedor, tendo recebido quatro prêmios: Melhor Filme pelo Público, Melhor Diretor, Melhor Ator e Prêmio Especial do Júri. Em sua estréia européia, no Festival Internacional de Rotterdam, na Holanda, recebeu o prêmio Lions Award e foi o segundo colocado, entre 200 longas, na preferência do público. Teve participação especial no Festival de Berlim 2008, com direito a jantar inspirado nos pratos do filme, e venceu o Festival Internacional de Punta Del Este, no Uruguai, com os prêmios de Melhor Filme e Menção Especial de Melhor Ator.

O filme marca a estréia de Marcos Jorge na direção de longas-metragens, depois de uma bem-sucedida carreira como diretor de curtas-metragens, filmes publicitários e artista-plástico especializado em vídeo-instalações. Marcos Jorge estudou cinema na Itália e lá viveu durante toda a década de 90, e seus filmes e vídeos venceram mais de 50 prêmios nacionais e internacionais.

As filmagens aconteceram durante 5 semanas em Curitiba e São Paulo, em fins de 2006, e toda a finalização foi feita na Itália, em Milão e Roma, em meados de 2007. ESTÔMAGO é a primeira co-produção cinematográfica realizada a partir do acordo de co-produção bilateral Brasil-Itália, assinado no início dos anos 1970. É um filme de dupla nacionalidade, brasileiro para o Brasil e italiano para a Itália.

No elenco desponta o ator baiano João Miguel, como protagonista, acompanhado pela curitibana Fabiula Nascimento (em sua estréia no cinema), pelos cariocas Babu Santana e Alexander Sil, pelo italiano Carlo Briani e pelo paulista Paulo Miklos.

O filme foi inspirado no conto “Presos pelo Estômago”, de Lusa Silvestre, que assina, junto com Marcos Jorge, o argumento do filme. O roteiro é de Lusa Silvestre, Marcos Jorge, Cláudia da Natividade e Fabrizio Donvito. A produção é de Cláudia da Natividade, Fabrizio Donvito e Marco Cohen. O diretor de fotografia é Toca Seabra, que tem no currículo filmes como “O Invasor” (2002), “Do Outro Lado da Rua” (2004), “Cidade Baixa” (2005) e “Cão se Dono” (2007). A música ficou a cargo de Giovanni Venosta, compositor de premiadas trilhas sonoras de vários filmes italianos: “Pão e Tulipas” (2000), “Queimando ao vento” (2002) e “Ágata e a tempestade” (2004).

Como grande parte da história se passa dentro de uma cela de cadeia, Luiz Mendes Jr. - que entrou na prisão aos 19 anos, semi-analfabeto, e saiu 30 anos depois, como escritor e cronista - atuou como consultor de vida e comportamento no presídio.

ESTÔMAGO foi vencedor do Prêmio de Produção de Filmes de Baixo Orçamento do MINC e seu roteiro participou do prestigioso seminário de co-produção internacional "Produire au Sud", financiado pelo governo francês.

Produzido pela Zencrane Filmes e pela Indiana Production, ESTÔMAGO tem distribuição da Downtown Filmes. 


(Fonte: Sinte filme "Estômago")

sexta-feira, 15 de março de 2013

A festa de Babette

(Imagem: Divulgação)


Por Rubem Alves

Um dos meus prazeres é passear pela feira. Vou para comprar. Olhos compradores são olhos caçadores: vão em busca de caça, coisas específicas para o almoço e a janta. Procuram. O que deve ser comprado está na listinha. Olhos caçadores não param sobre o que não está escrito nela. Mas não vou só para comprar. Alterno o olhar caçador com o olhar vagabundo. O olhar vagabundo não procura nada. Ele vai passeando sobre as coisas. O olhar vagabundo tem prazer nas coisas que não vão ser compradas e não vão ser comidas. O olhar caçador está a serviço da boca. Olham para a boca comer. Mas o olhar vagabundo, é ele que come. A gente fala: comer com os olhos. é verdade. Os olhos vagabundos são aqueles que comem o que vêem. E sentem prazer. A Adélia diz que Deus a castiga de vez em quando, tirando-lhe a poesia. Ela explica dizendo que fica sem poesia quando seus olhos, olhando para uma pedra, vêem uma pedra. Na feira é possível ir com olhos poéticos e com olhos não poéticos. Os olhos não poéticos vêem as coisas que serão comidas. Olham para as cebolas e pensam em molhos. Os olhos poéticos olham para as cebolas e pensam em outras coisas. Como o caso daquela paciente minha que, numa tarde igual a todas as outras, ao cortar uma cebola viu na cebola cortada coisas que nunca tinha visto. A cebola cortada lhe apareceu, repentinamente, como o vitral redondo de catedral. Pediu o meu auxílio. Pensou que estava ficando louca. Eu a tranqüilizei dizendo que o que ela pensava ser loucura nada mais era que um surto de poesia. Para confirmar o meu diagnóstico lembrei-lhe o poema de Pablo Neruda "A Cebola", em que ele fala dela como "rosa d'água com escamas de cristal". Depois de ler o poema do Neruda uma cebola nunca será a mesma coisa. Ando assim pela feira poetizando, vendo nas coisas que estão expostas nas bancas realidades assombrosas, incompreensíveis, maravilhosas. Pessoas há que, para terem experiências místicas, fazem longas peregrinações para lugares onde, segundo relatos de outros, algum anjo ou ser do outro mundo apareceu. Quando quero ter experiências místicas eu vou à feira. Cebolas, tomates, pimentões, uvas, caquis e bananas me assombram mais que anjos azuis e espíritos luminosos. Entidades encantadas. Seres de um outro mundo. Interrompem a mesmice do meu cotidiano.

Pimentões, brilhantes, lisos, vermelhos, amarelos e verdes. Ainda hei de decorar uma árvore de Natal com pimentões. Nabos brancos, redondos, outros obscenamente compridos. Lembro-me de uma crônica da querida e inspirada Hilda Hilst que escandalizou os delicados: ela ia pela feira poetizando eroticamente sobre nabos e pepinos. Escandalizou porque ela disse o que todo mundo pensa mas não tem coragem de dizer. Roxas berinjelas, cenouras amarelas, tomates redondos e vermelhos, morangas gomosas, salsinhas repicadas a tesourinha, cebolinhas, canudos ocos, bananas compridas e amarelas, caquis redondos e carnudos (sobre eles o Heládio Brito escreveu um poema tão gostoso quanto eles mesmos), mamões, úteros grávidos por dentro, laranjas alaranjadas (um gomo de laranja é um assombro, o suco guardado em milhares de garrafinhas transparentes), cocos duros e sisudos, pêssegos, perfume de jasmim do imperador, cachos de uvas, delicadas obras de arte, morangos vermelhos, frutinhas que se comem à beira do abismo... Minha caminhada me leva dos vegetais às carnes: lingüiças, costelas defumadas, carne de sol, galinhas, codornizes, bacalhau, peixes de todos os tipos, camarões, lagostas. Os vegetarianos estremecem. Compreendo, porque na alma eu também sou vegetariano. Fosse eu rei decretaria que no meu reino nenhum bicho seria morto para nosso prazer gastronômico. Mas rei não sou. Os bichos já foram mortos contra a minha vontade. Nada posso fazer para trazê-los de volta à vida. Assim, dou-lhes minha maior prova de amor: transformo-os em deleite culinário para que continuem a viver no meu corpo. De alguma maneira vivem em mim todas as coisas que comi. Sobre isso sabia muito bem o genial pintor Giuseppe Arcimboldo (1527-1593), que pintava os rostos das pessoas com os legumes, frutas e animais que se encontram nas bancas da feira. (Dê-se o prazer de ver as telas de Arcimboldo. Nas livrarias, coleção Taschen, mais ou menos quinze reais).

Meus pensamentos começam a teologar. Penso que Deus deve ter sido um artista brincalhão para inventar coisas tão incríveis para se comer. Penso mais: que ele foi gracioso. Deu-nos as coisas incompletas, cruas. Deixou-nos o prazer de inventar a culinária.

Comer é uma felicidade, se se tem fome. Todo mundo sabe disto. Até os ignorantes nenezinhos. Mas poucos são os que se dão conta de que felicidade maior que comer é cozinhar. Faz uns anos comecei a convidar alguns amigos para cozinharmos juntos, uma vez por semana. Eles chegavam lá pelas seis horas (acontecia na casa antiga onde hoje está o restaurante Dali). Cada noite um era o mestre cuca, escolhia o prato e dava as ordens. Os outros obedeciam alegremente. E aí começávamos a fazer as coisas comuns preliminares a cozinhar e comer: lavar, descascar, cortar — enquanto íamos ouvindo música, conversando, rindo, beliscando e bebericando. A comida ficava pronta lá pelas 11 da noite.

Ninguém tinha pressa. Não é por acaso que a palavra comer tenha sentido duplo. O prazer de comer, mesmo, não é muito demorado. Pode até ser muito rápido, como no McDonald's. O que é demorado são os prazeres preliminares, arrastados — quanto mais demora maior é a fome, maior a alegria no gozo final. Bom seria se cozinha e sala de comer fossem integradas — os arquitetos que cuidem disso — para que os que vão comer pudessem participar também dos prazeres do cozinhar. Sábios são os japoneses que descobriram um jeito de pôr a cozinha em cima da mesa onde se come, de modo que cozinhar e comer ficam sendo uma mesma coisa. Pois é precisamente isto que é o sukiyaki, que fica mais gostoso se se usa kimono de samurai.

Quem pensa que a comida só faz matar a fome está redondamente enganado. Comer é muito perigoso. Porque quem cozinha é parente próximo das bruxas e dos magos. Cozinhar é feitiçaria, alquimia. E comer é ser enfeitiçado. Sabia disso Babette, artista que conhecia os segredos de produzir alegria pela comida. Ela sabia que, depois de comer, as pessoas não permanecem as mesmas. Coisas mágicas acontecem. E desconfiavam disso os endurecidos moradores daquela aldeola, que tinham medo de comer do banquete que Babette lhes preparara. Achavam que ela era uma bruxa e que o banquete era um ritual de feitiçaria. No que eles estavam certos. Que era feitiçaria, era mesmo. Só que não do tipo que eles imaginavam. Achavam que Babette iria por suas almas a perder. Não iriam para o céu. De fato, a feitiçaria aconteceu: sopa de tartaruga, cailles au sarcophage, vinhos maravilhosos, o prazer amaciando os sentimentos e pensamentos, as durezas e rugas do corpo sendo alisadas pelo paladar, as máscaras caindo, os rostos endurecidos ficando bonitos pelo riso, in vino veritas... Está tudo no filme A Festa de Babette. Terminado o banquete, já na rua, eles se dão as mãos numa grande roda e cantam como crianças... Perceberam, de repente, que o céu não se encontra depois que se morre. Ele acontece em raros momentos de magia e encantamento, quando a máscara-armadura que cobre o nosso rosto cai e nos tornamos crianças de novo. Bom seria se a magia da Festa de Babette pudesse ser repetida...

O texto acima foi publicado no jornal "Correio Popular", Campinas(SP), com o qual o educador e escritor colabora.

Rubem Alves: sua vida e sua obra estão em "Biografia / Fonte: Site Releituras.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Pequenos prazeres de Amélie.

(Foto: David Mafra)

Arte Urbana, Curitiba.

"Gosto de me virar no escuro (do cinema) e observar o rosto dos outros.
Também gosto de procurar detalhes que ninguém vê.
Em compensação, não gosto quando o motorista não olha para a estrada".

Amélie cultiva o gosto particular pelos pequenos prazeres.
Enfiar a mão bem fundo no saco de cereais.
Quebrar a cobertura do crème brûlée com a colher ...
e jogar pedras no Canal Saint Martin.
Diverte-se com perguntas idiotas sobre a cidade à sua volta.
Quantos casais, por exemplo, estão tendo orgarmo nesse exato instante?

Amélie: "15".

(do filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Eu vi: Julie & Julia

Referência especial a este filme, por ter sido uma das inspirações para este blog. Fácil de se identificar com as dificuldades enfretadas por Julie Powell na cozinha. Difícil não admirar Julia Child por sua paixão pela culinária. O filme também me apresentou o Boeuf Bourguignon, típico da Borgonha, é delicioso e boa sugestão para o clima frio do momento.

O filme é prato cheio pra quem gosta de cozinhar e de comer bem! BON APPETIT !

O livro que inspirou o filme!
(Foto: David Mafra)



O blog que também inspirou o filme:


Trailer:
(fonte: youtube)




Confira no site Profissão: Jornalista, matéria interessantísima sobre o filme: